(...) Sentada aqui na poltrona , com a minha manta e o meu livro nos joelhos recordo todos aqueles finais de tarde há décadas atrás, em que esperava ver o teu barco chegar e que como uma rotina o meu coração sangrava com o medo que fosses embora, e dentro de alguns minutos irias realmente embora. Morreste há já algum tempo e os meus cinquenta e seis anos vão pesando, mas adoro sentir o teu sopro suave e quente no meu coração quando me vens ver.
Sentado agora, aqui ao meu lado observamos o céu misturando-se com o mar e recordamos os dias em que do nada pegávamos somente num cobertor e nos deitavamos na areia porque a melhor música da noite é a melodia dos peixes, das ondas e do atracar do barco perto da nossa enseada. Não falas, somente me olhas com aqueles olhos de menino apaixonado e sorris.
Não sabes o prazer que me dá ver isso, sei que dentro de instantes te vais mas eu dava tudo para que ficasses e me dissesses quando irá ser a tua próxima visita.E por entre a neblina que se aproxima ele se foi.
Enquanto?Enquanto vivo, mas penso a cada instante pelo dia em que irei ter com ele seja onde for.
A lembrança é algo lindo e muito forte !
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